quinta-feira, 1 de maio de 2014

MQ 2014 - História Rua 31 de Janeiro

É a rua que do lado nascente da Ponte de S. Gonçalo (margem esquerda) conduz ao Largo Conselheiro António Cândido (vulgo Largo do Arquinho).
Primitivamente foi conhecida e tratada por Rua de Gouveia, por ser a mais importante artéria do extinto concelho medieval com o mesmo nome e que teve foral outorgado pelo rei D. Manuel I a 22 de Novembro de 1513, e cuja casa da Câmara se situava ao fundo da mesma rua, em local ainda hoje assinalado por uma placa granítica, integrada na fachada do edifício e a encimar a porta do Café Morgado!

E “reza” assim:


Documentos antigos atribuem àquela zona a denominação de “ Povoação de Cubello do Tâmega”, de onde virá àquela rua a designação que melhor a identifica, Rua do Covelo!
Contudo as vicissitudes da história do país tiveram sempre repercussões significativas na nossa terra e a mesma rua é “baptizada” durante a Monarquia Constitucional com o nome de Rua D Luis I em homenagem ao monarca que herdou a coroa de D. Pedro V, seu irmão, que faleceu sem descendência em Novembro de 1861.

Mas a República implantada a 5 de Outubro de 1910 depressa lhe trocou o nome, e ainda não acabado o mês de Outubro, a 29 de Outubro de 1910, já a mesma artéria se chamava Rua Machado dos Santos em homenagem ao ilustre republicano que após a morte inesperada do Dr. Miguel Bombarda a 3 de Outubro de 1910, deu início ao movimento revolucionário que iria implantar a República em Portugal, e no qual se distinguiu como verdadeiro herói na Rotunda da Avenida da Liberdade.

Mas foi sol de pouca dura!
A 4 de Março de 1911, a mesma Comissão Administrativa Republicana de Amarante, atribui à rua o nome de Rua 31 de Janeiro, para homenagear os que participaram no movimento revolucionário de 31 de Janeiro de 1891,a primeira grande tentativa republicana de derrube da monarquia e que nas palavras de João Chagas (n. Rio de Janeiro, 1 de Setembro de 1863- m. Cascais, Estoril, 28 de Maio de 1925) foi “ o mais luminoso e viril movimento de emancipação que ainda sacudiu Portugal no último século”, ignorando mesmo o nome de Machado dos Santos recentemente atribuído, a crer no texto justificativo da atribuição do novo nome:
“…tomando por base norma seguida pela Câmara do Porto e outras do país, resolveu esta Câmara, que não se dê às ruas da vila o nome de vivos e em harmonia com esta resolução resolveu que à Rua D. Luiz I, se dê o nome da Rua 31 de Janeiro.” ( Livro de Actas- 4, pag 9 de 4 de Março de 1911)
De todos estes nomes, aquele que reuniu o consenso popular, foi e continua a ser a designação de Rua do Covelo!

Esta rua é por demais conhecida de amarantinos e forasteiros, pelos inúmeros estabelecimentos comerciais, nomeadamente os de restauração (restaurantes e tasquinhas) que se orgulham de bem servir a excelente gastronomia local e das confeitarias, exímias na produção da tradicional doçaria conventual!
É uma das ruas que em tempos de cheias o Tâmega inunda, transfigurando-a em canal de uma qualquer Veneza do Douro Litoral!


                                                    Rua do Covelo - Cheias de 1962


A Rua ostenta orgulhosamente nas suas paredes os níveis das incursões do Tâmega, como se de feridas de guerra que a dignificam se tratasse, para espanto dos forasteiros que nos visitam!
Nesta rua nasceram dois prestigiados jornais locais, a Flôr do Tâmega e o Tribuna de Amarante, da iniciativa da família Carneiro!

Ali terá existido o hospital e albergaria medieval do Covelo, e um interessante fontanário, chamado de “fonte da Albergaria” que ainda conheci, mas que a voracidade do tempo e dos homens “extinguiu”. Neste hospital e albergaria se dava acolhimento a peregrinos doentes que a Amarante se deslocavam em romagem ao túmulo de S. Gonçalo.
A este hospital e albergaria se refere a Drª Maria José Queirós Lopes no seu trabalho de Mestrado em História Moderna, intitulado “ Misericórdia de Amarante: Contribuição para o seu estudo”, nos seguintes termos:

“O hospital da albergaria tinha uma localização privilegiada junto da casa do foral do concelho de Gouveia. Dispunha de comunicação directa por escada com a rua do Covelo, a principal artéria da época. O edifício implantava-se num espaço murado que em volta dele enformava o pátio com escadas que desciam para um terreiro espaçoso (328m2), em proporção à dimensão do edifício cuja área seria na ordem de 13lm2. Era no terreiro que se situava a fonte da albergaria, da qual ainda há memória.

Fonte : Blog Sete Pecados Mortais

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